Hacred Sall
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 Cronicas dos Djin

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MensagemAssunto: Cronicas dos Djin   Cronicas dos Djin Icon_minitimeTer Jul 26, 2011 3:45 pm

Os ventos carregavam a areia por todos os lados. Formava uma tempestade lenta e perigosa que cobria todo o deserto, guardando seus segredos e perigos que se tornavam invisíveis sob o vendaval.
O Djin estava escondido num monte de areia, onde seu corpo coberto tornava-se o próprio deserto que o cercava.
Observava o paredão de areia levantado pela tempestade sem ao menos piscar com seus olhos vermelhos, de cor fraca, até rosados e mortos. Mas ainda assim uma visão impressionante.
O Djin perguntava-se quando o Mar de areia iria atender a sua vontade e sua fúria iria acalmar-se para o deserto finalmente ser visto em sua plenitude. Por hora, não se preocupou, tinha paciência e tempo de sobra.
Passaram-se talvez muitas horas quando a tempestade parou de rugir sobre suas cabeças e o Djin moveu-se com satisfação.
Seus olhos caíram sobre a coluna de homens a sua frente. Um punhado de trinta homens com armaduras e montarias de boa qualidade, guardando um acampamento avançado – ou talvez guardando algo sobre o acampamento.
O Djin não se importou com isso, saiu do monte de areia com os seus quatro companheiros, cada um com uma arma em mão, sem se preocupar com os soldados a frente, por que agora eles eram a tempestade.

Hambrad observava o deserto com seus olhos sedentos, sentando em um monte de areia levantado pela tempestade que assolava sua cabeça a mais de um dia.
Houvera briga para escolher os homens a fazerem a patrulha do acampamento e um homem quase matara o outro ao perder o seu vantajoso turno da noite por um ao meio-dia numa partida de Dados.
E Hambrad, com sua sorte avassaladora pegara o pior turno possível, exatamente duas horas depois do lunático dos dados sair para sua tenda fedorenta. E naquela exata hora o sol batia exatamente em sua maldita cara, rachando seus lábios e os fazendo sangrar enquanto a boca rugia por água que não poderia encontrar até estarem fora daquele buraco das terras inóspitas.
Mas a sorte da Hambrad garantiu-lhe outra coisa.
Ele foi o primeiro a morrer. Os ventos começaram a soprar em espiral calmante, mas mesmo assim atiçando os ventos e fazendo os crescer, logo um vendaval subia a poucos metros do acampamento, mas nunca se expandindo e sim se movendo.
Seus olhos perspicazes notaram que havia algo no meio daquilo tudo, algo que se movia com a areia, algo que a controlava. Percebeu corpos que se moviam calmamente em direção ao acampamento, e em seu desespero apenas se lembrou do berrante de vigia.
Merda. Pensou, antes de fazer soar o uivo que acordou o acampamento para o fenômeno. E dando seu ultimo olhar para a nova tempestade, viu que ela se expandira e agora o engolfava, junto com a flecha que pousou em sua garganta um instante depois, fazendo seu corpo contrair e se jogar ao chão com toda a força possível. Hambrad não sentiu mais nada enquanto a areia cobria seu corpo e seu sangue, aceitando a oferenda dos Djins.

Ao primeiro golpe dos Djin as sentinelas caíram. Homens que não eram rápidos os suficiente viam sua vida retirada por uma flecha de ferro poderosa. Outros que procuravam o abrigo do escudo e da armadura conseguiram sobreviver, até que chegaram os Djin que portavam espadas e lanças, fazendo ruir couro e aço sob a força maior.
Havia caos no acampamento, mas logo tudo foi restabelecido pelos comandantes que agora se levantavam, conseguiram salvar a maioria dos homens enquanto dez já jaziam no mar de areia pintando-o de vermelho.
Armas foram erguidas e o grupo de homens preparou-se para a batalha. O comandante ordenou o inicio do golpe e dez investiram contra os cinco Djins. Rodeando-os.
Alguns homens ergueram as lanças e tentaram perfurar dois Djins. Estes se movimentaram rapidamente, enquanto um aparava o golpe com sua espada, partindo a madeira como se fosse um fino pedaço de seda, o outro rodeou o inimigo se aproximou a uma distancia em que as lanças eram inúteis.
Os homens tentaram jogar suas armas ao chão para sacar adagas escondidas, mas o Djin dilacerou a garganta de um, e arrancou o braço de outro com um golpe furioso da espada. Outro homem atacou-o por trás e o jogou ao chão, junto de si. Com sua mão livre preparou-se para um golpe rápido com a adaga, mas uma flecha rápida atingiu sua cabeça, penetrando em seu celebro. O homem caiu quase que instantaneamente.
O comandante viu sua investida ser quebrada e sete homens caírem, chamou os restantes de volta e gritou aos outros.
- Os arcos! Não os deixem aproximar!
Os homens foram rápidos ao pegar os arcos e aljavas cheias de flechas com hastes longas. Apontavam para os cinco Djins quando toda a atenção foi atraída para um único. O Djin de olhos vermelhos.
Ele foi o único que não colocou a mão em armas, deixando-a pousada em sua bainha enquanto observava o massacre. Ao ver os arcos, ele abriu os punhos enquanto todos os homens apontavam as flechas para si.
O comandante gritava e ordenava, e esperou uma fração de segundo antes de dar seu ultimato.
- Atirem!
Os homens retesaram os arcos, mas tudo aconteceu rápido demais. O Djin de olhos vermelhos deixou as mãos caírem abaixo. Quando isso foi feito a tempestade estourou, cegando a todos, menos os Djins.
Como um raio, o Djin de olhos vermelhos sacou sua espada negra e poderosa. Correu para o comandante e num golpe majestoso, de baixo pra cima, cortou-lhe da virilha ao estomago antes de voltar a dançar na areia, se tornando o deserto. Invisível a tudo e todos.

Era o caos, os homens eram mortos sem cerimônia e todos caiam a qualquer momento sob os golpes Djin. Alguns fugiram para o centro do acampamento onde ainda havia alguma esperança.
A porta do templo estava ali, soterrada e esquecida, dando a uma escadaria que descia a níveis inferiores, inabitada, a não ser pelo general.
Sim. O general. Ele havia descido com cinqüenta homens, deixando o resto no acampamento. Com ele foram os três Djins que os guiaram até aquele lugar, longe da civilização.
Viram homens saírem do lugar, e enquanto chegavam mais perto, percebiam os olhos azuis brilhantes dos Djins. Mas apenas dois deles e um comandante menor, braço direito do general. Os homens sentiram-se seguros quando o Comandante chegou. Ghiralt era seu nome.

Ghiralt era imponente comparado aos outros soldados. Os Djins não se diferenciavam. Usavam o manto preto que cobria todo o corpo, as luvas de couro negro que transformavam suas mãos em temíveis garras e as botas de mesma cor das roupas.
- Que diabos estão acontecendo aqui? – Perguntou Ghiralt.
- Senhor... Os... Os... – Olhou os Djin com um olhar desesperado e gritou – Foram eles! Os malditos Djins no traíram! Matem eles antes que nos massacrem!
Os dois Djin não disseram nada, mas Ghiralt o olhou com olhar severo.
- Meus amigos – Disse Ghiralt, olhando os Djin – Matem esse homem e devolvam a sobriedade aos outros.
Ninguém fez nada, até o homem que estava desesperado achou que era uma brincadeira, mas não pode falar mais nada. Um único golpe de uma cimitarra fez sua cabeça voar, enquanto o sangue manchava a armadura reluzente de Ghiralt.
- Agora. Senhores. – Ghiralt sorria macabramente. – Contem o que aconteceu.
Eles o fizeram rápido, e depois de um minuto Ghiralt soube da existência do inimigo.
- Drehal – Disse, olhando o Djin. Sabia que aquele não era seu nome verdadeiro, e que deveria ter outro, em sua própria língua esquecida e arcaica. Mas aquilo não tinha importância. – Acabe com os seus irmãos não convidados para mim, por favor.
- Eles não são meus irmãos – Respondeu-lhe rudemente Drehal enquanto limpava sua espada, e o seu companheiro sacava o seu machado duplo. – Todos eles estão mortos. Certifiquei-me disso há muito tempo.
E caminhou para o combate sangrento.
A luta com os humanos fora fácil, cada homem até o acampamento teve uma morte rápida sob as espadas dos Djin. Aproximavam-se a cada segundo da entrada do templo enquanto via os dois oponentes caminharem calmamente para eles.
Não se surpreenderam, pois já sabiam da existência deles há muito tempo enquanto seguiam o acampamento, escondidos na areia e evitando serem achados.
Os dois grupos pararam a poucos metros um do outro, encarando-se. Cinco poderiam fazer grande diferença contra dois, mas nunca se sabia qual seria o preço a pagar numa luta daquelas, já que nenhum tinha certeza em sua pericia para derrotar o outro.

Drehal olhava seus oponentes parados. Suas mãos tremiam enquanto sentia o peso da cimitarra. Seus passos raleavam apesar de não saber se isso era causado pelo medo ou algum pressentimento. Aqueles djins cheiravam a sangue.
Parou a poucos passos do grupo e olhou cada um nos olhos, observando atentamente os do líder: Olhos vermelhos, a cor do sangue e da vingança. Drehal tremeu um pouco e então se acomodou para a batalha.
- Me dê cobertura. – Sussurrou ao companheiro.
A areia levantou quando correu rapidamente, o sol fez sua espada brilhar e antes que percebesse sua lamina chocou-se com outra, fazendo ambos os Djins tremer.
Enquanto Drehal trocava golpes com um oponente, outro o rodeou e tentou atacar pelo flanco esquerdo, visando perfurar suas costelas. Mas seu companheiro rugiu e com um salto sobre-humano bloqueou o golpe com seu machado. O estrondo foi imenso.
Drehal levantou a espada com uma mão e saltou para trás, viu que seu oponente se preparava para uma estocada. O Djin caminhou com a espada apontada para frente como um gigante ferrão, e quando ambas as armas estavam prestes a se encontrar Drehal deu giro, virando às costas do inimigo e tentando golpear seu ombro, mas uma lança bloqueou o golpe e o golpe resultou apenas em um arranhão no ombro do Djin.
Drehal pode ver que seu companheiro também era atacado por dois, e que o homem com o arco usava agora dois punhais azulados, enquanto o líder observava.
Seu companheiro golpeou o Djin com punhais – que deu um salto para trás e se agachou – e então deixou o machado cair enquanto chutava o joelho esquerdo do Djin de espada e voltava a pegar sua arma para aparar o golpe do Djin dos punhais, que acabou por ferir a sua barriga com um corte longo.
Drehal percebeu que a intensidade dos golpes do inimigo era maior a cada momento e que o Djin que usava a lança tinha grande vantagem contra ele, pois nunca o deixava se aproximar o bastante para um golpe de cimitarra.
Aquilo tinha que acabar logo ou ele iria morrer pelo cansaço.
Os golpes iam e vinham, mas nenhum deles conseguia quebrar a defesa do outro, e então veio uma voz.
- Shaegik! – Como trovão ela ecoou por todos e Drehal entendeu – Parem!
Os Djins recuaram para junto do líder de olhos vermelhos e isso permitiu que Drehal volta-se para perto de seu companheiro
Viram o Djin sacar sua lamina negra, enquanto nenhum ruído era feito na bainha de metal, mas não o viram saltar.
Rapidamente, a areia se levantou no lugar onde o Djin estava e este caiu sobre o companheiro de Drehal, lançando-o o no chão, enquanto num giro chocava sua arma com a de Drehal. O impacto lançou Drehal para trás, mas o Djin de olhos vermelha não sofreu nada.
Drehal preparou sua arma e assumiu uma posição de defesa, não poderia atacar somente contra-atacar, por que percebeu que a habilidade daquele Djin era muito maior a sua. Talvez Thuck pudesse ter uma chance num combate singular, mas agora não havia esperanças.
Talvez isso não tivesse passado pela mente de seu companheiro, que rugiu como um dragão e saltou sobre o Djin de olhos vermelhos.
Aquilo foi a sua ruína.
Drehal observou o Djin não fazer nada, e soube que ele apenas esperou seu companheiro se aproximar enquanto corria e desviou-se do golpe com estrema facilidade. Com um golpe bárbaro, cravou sua espada na perna de seu inimigo e a deixou presa na areia, enquanto sacava uma única adaga e cortava a garganta de seu companheiro.
Tudo foi muito rápido e Drehal ficou parada observando, tentando digerir o que vira.
Merda. Sabia o que devia fazer, sabia que tinha de fazer aquilo, mas não pode.
Tão rápido como matara o amigo de Drehal, o Djin de olhos vermelhos saltou sobre ele e caiu o primeiro golpe aparado pela espada.
Deu um passo atrás e preparou o próximo golpe, o impacto foi maior e Drehal caiu de joelhos. Caiu o terceiro golpe frio e a espada de Dheral se partiu sob a do seu oponente.
Dheral olhou o Djin. Não houve palavras, não ouve nada, o golpe veio. A espada negra penetrou em seu coração facilmente e Dheral sentiu o sangue em seus pulmões, fazendo-o se engasgar, enquanto seus olhos se apagavam...

Ghiralt a principio havia observado o combate com um sorriso maldoso nos olhos, esperando as ruínas do inimigo. E então, veio-lhe a ruína.
Aquele filho da puta. Pensava, enquanto via o Djin de olhos vermelhos aniquilarem os dois inimigos com a maior facilidade que já vira.
Vamos morrer. Merda. Vamos morrer!
A maioria dos homens já havia recuado para dentro do templo quando os Djin voltaram a se mover. Estavam com ele apenas cinco homens que viram o combate até o fim.
Ghiralt não deu nenhuma palavra, apenas se virou enquanto corria para dentro do templo. O único local onde poderia esperar sobreviver agora. Mas a esperança não durou muito.
Enquanto os homens corriam para o templo, Ghiralt conseguiu ouvir o som de uma flecha recém disparada e antes que pudesse pensar em proteger sua cabeça percebeu-se caído no chão com a perna em brasa e sangue quente banhando seus pés cobertos.
Ghiralt tentou se arrastar e gritou enquanto gritava por ajuda, mas quando esta chegou foi recebida apenas com uma flecha na cabeça, levando para a cova mais um homem.
Não havia mais esperança, Ghiralt chorou em silencio enquanto esperava os arautos de seu destino.
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