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Assunto: Hacredão #14 11.03.2012 Dom Mar 11, 2012 7:48 pm
Novo Hacredão. Novamente o Mizu não mandou a matéria dele e eu decidi não publicar as matérias do Boca e da Berry. Ficamos só eu e o Gabs então, infelizmente.
politica/economia
- trabalho: governo Dilma flerta com a flexibilização - economia: Brasil só cresceu 2,7% em 2011 - trabalho: projeto de lei pode implicar em desemprego em massa de mulheres, por ser intervencionista demais
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TPM por Gabs
Todo mundo já tá cansado de saber de todas queixas e reclamações sobre o salário das mulheres. Que elas ganham menos que homens que ocupam a mesma função que elas, e bla bla bla. Pois bem, neste dia 6 de março foi aprovada uma lei que prevê multa por discriminação para empresas que paguem menos a uma mulher do que ao homem de função equivalente na empresa.
A Folha afirmou, com base sei lá no que, neste dia 8, que a lei seria sancionada pela nossa presidente sem vetos. Mas não foi isso que aconteceu: o governo decidiu, ainda no mesmo dia, que não sancionaria a lei, e que a lei será discutida novamente no Senado. O senador Romero Jucá apresentou lei para que a lei volte a tramitar na Casa.
A proposta de lei havia sido aprovada em caráter terminativo - o que garantia que seguisse direto para a Câmara ou sanção da presidente. Isso se nove senadores não tivessem apoiado o recurso de Jucá, o que garante que a lei volte a ser discutida no Senado, para análise da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa.
O maior problema da lei, ao meu ver, é que ela pune não simplesmente a diferença de salários, mas aquele em que a causa é a discriminação. Algo que seria bem difícil de se provar, né. Há muitos outros fatores que influem diretamente neste distanciamento dos salários, desde a formação, até o tempo de trabalho e ainda a descontinuidade do tempo de serviço das mulheres, com suas licenças e tudo mais. Eu realmente acho difícil que alguma mulher - já que elas devem tomar a iniciativa de provar a discriminação, segundo a lei - fosse tentar fazer-se valer do direito, sabendo de toda dificuldade e no revés que o processo poderia se tornar para sua experiência profissional no mercado.
Afinal, o que não falta para as empresas, são dados e mais dados que podem ser usados para explicar porque mulheres ganham menos. Primeiro de tudo, claro, o fator-risco, que assim como no trânsito, nas empresas também é maior com mulheres....ok, brincadeiras a parte, aqui vão alguns motivos, apontados pelo General Accountability Office(GAO) para isso:
Citação :
-Women in the workforce are also less likely to work a full-time schedule and are more likely to leave the labor force for longer periods of time than men, further suppressing women's wages. These differing work patterns lead to an even larger earnings gap between men and women - suggesting that working women are penalized for their dual roles as wage earners and those who disproportionately care for home and family.
-Men with children appear to get an earnings boost, whereas women lose earnings. Men with children earn about 2% more on average than men without children, according to the GAO findings, whereas women with children earn about 2.5% less than women without children.
-Women have fewer years of work experience.
Não são argumentos lá muito fortes, eu sei, mas é o bastante para mascarar alguma acusação por discriminação, imagino. O que geraria muita confusão e pouca solução com essa lei aí, que se apóia em em fatos como 'mulher ganha 75% do que o homem ganha", algo que o vídeo aqui discute, até compartilhando de alguns argumentos do quote de cima:
Como podemos ver, inclusive, uma das maiores causas são as escolhas feitas pela mulher, e não a discriminação. Em alguns setores da economia, as mulheres chegam a ganhar mais que o homem. Mas o homem não aparece reclamando disso, porque é de se considerar que é mais inteligente escolher setores em que você vai ganhar mais. Não tiro o mérito de querer reivindicar a igualidade em outros setores. Mas que isso se faça através de ações, e não de acusações e argumentos falaciosos.
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Da igualdade de gêneros (da mulher) por popocake
Homens não são iguais às mulheres. Isso é um fato da natureza, que nos faz diferentes à revelia de nossas vontades. Nossos corpos funcionam diferentemente, nossos cérebros funcionam diferentemente e, por uma questão cultural histórica que decorre dessas diferenças, nossas dinâmicas sociais funcionam diferentemente também.
Na história moderna, porém, muito recentemente, com os movimentos reivindicadores do século XX, mulheres tomaram de assalto áreas antes predominantemente masculinas. Se a natureza não nos fez iguais, que então nos igualássemos naquilo em que somos semelhantes - sejamos regidos pelas mesmas leis, que nos sejam dadas as mesmas oportunidades.
OK, OK. O problema aqui é que esses movimentos feministas do século passado ganharam força na mesma época de evidência de outros movimentos sociais, como o dos negros, dos pacifistas e, mais notoriamente, dos comunistas. Mas vejam só, os comunistas já eram veteranos de reivindicações e resolveram ensinar uma coisa ou outra aos outros grupos militantes, infiltrando seus quadros no processo, o que levou à contaminação ideológica e à radicalização para a esquerda de toda essa galera, feministas inclusive. De repente não bastava ter o mesmo direito de trabalho que o homem tinha, por exemplo, era preciso que os trabalhos fossem igualmente valorizados. Em dinheiro.
O mais novo reflexo dessa mentalidade de igualdade material comunista-feminista se deu agora, com um projeto de lei que obrigava empregadores a pagar a mesma coisa a mulheres que exercessem o mesmo cargo que algum outro homem. A título de curiosidade, já existe uma regra que regulamenta a situação em que duas pessoas fazem o mesmo trabalho e ganham salários diferentes, mas nesse caso permite-se a diferença se existe diferença de produtividade, de experiência ou de especialização entre os dois empregados. A nova lei ignoraria esses detalhes. A pior jogadora do banco de reservas do time feminino de futebol do Santos poderia exigir um salário igual ao do Neymar, por exemplo.
É claro que isso seria um absurdo. Felizmente, o governo resolver rever alguns detalhes do projeto, graças à pressão do empresariado.
A medida, que deveria ter sido assinada pela presidente no dia das mulheres, tem como base estatísticas como a recentemente divulgada pelo IBGE segundo a qual mulheres ganham, em média, 72,3% do que os homens ganham. As feministas veem essa diferença e imediatamente concluem que isso é injusto.
É indisputável que mulheres ganham menos que homens por motivos bastante razoáveis, mas isso nunca impediu essa galera de exigir o impensável sob a bandeira da "justiça social".
A verdade é que esses grupos de pressão, como qualquer sindicato, entidade social ou lobista, existem com a finalidade única de obter privilégios à custa de todos os outros. Quando essa galera era discriminada, obter privilégios significava se igualar aos cidadãos de primeira classe, mas agora que todos já se encontram mais ou menos no mesmo patamar, a busca por privilégios objetiva transformar esse pessoal nos próprios cidadãos de primeira classe.
Por exemplo, no dia das mulheres foi editada Medida Provisória que determina que imóveis do Minha Casa, Minha Vida (programa habitacional do governo federal para famílias com baixa renda) ficam sempre com a mulher no caso de divórcio. Por que isso? Transformar essa desigualdade óbvia em lei não parece ter lógica nenhuma, e não tem mesmo. É só um privilégio. Claro que como quem vai arcar com os custos da medida são os homens pobres, que não têm voz política alguma e ninguém está nem aí, mas é aquela história né? Comendo pelas beiradas, atacando primeiro os grupos indesejáveis, depois os impopulares, aí os desimportantes, seguidos dos desorganizados... eventualmente chegam na gente.
Spoiler:
São Paulo e o custo-Kassab por popocake
Essa semana deu nos noticiários nacionais, mas especialmente os paulistanos, a notícia de que a prefeitura da cidade implementou novas restrições à circulação de caminhões, o que levou a categoria a cruzar os braços. O problema é que os postos de gasolina são abastecidos por caminhões-pipa e se os caminhoneiros não querem trabalhar.... bem, os postos ficam sem combustível, e aí ninguém consegue reabastecer os tanques. Dá para imaginar o caos né?
A medida do prefeito, bastante elogiada pela mídia intervencionista, é um desastre para os motoristas, que ficam proibidos de circular em rotas essenciais ao seu deslocamento das 5~10h e das 16~21h. A maioria terá de acordar bem mais cedo que de costume, para fazer uma única viagem de ida e esperar as 10h para poder voltar, quando poderia ter feito duas ou três viagens de ida e volta nesse período - para compensar essa situação terão de cobrar mais caro por seus serviços, trabalhar em horários mais insalubres e talvez até sejam obrigados a comprar camionetas para circular nos horários proibidos aos caminhões.
Indignados, os caminhoneiros pararam. Na segunda-feira os preços nas bombas subiram um pouco. Na terça-feira começou pra valer a corrida aos postos e os preços chegaram a estratosféricos R$ 4,50, até R$ 5,00 pelo litro de gasolina! Em resposta, os consumidores se indignaram e reclamaram e denunciaram - os donos de postos da combustível estariam se aproveitando da situação para obter lucros demais à custa do consumidor.
Mas vejam bem, o aumento de preços é bastante justificado pela queda abrupta na oferta do produto. É a famosa lei da oferta e da procura. E não é como se os donos de postos estivessem auferindo lucros exorbitantes do episódio, já que, com pouco combustível em estoque e custos fixos de manutenção do negócio elevados, o preço majorado apenas minimiza os prejuízos causados pela greve. Se meu custo fixo é 15, eu tenho 10 unidades para vender e vendo cada uma por 2, meu lucro ao final é 5; se o custo fixo permanece constante, mas eu só tenho 3 unidades para vender, só para não ter prejuízo o valor de cada uma deve ser ao menos 5. Isso não é crime contra a economia popular, é uma manobra pra manter a cabeça fora d'água.
A culpa desse aumento claramente é a greve dos caminhoneiros!
Mas vejam bem, o trabalho é uma escolha voluntária daquilo que cada um entende ser a melhor forma de utilizar seu tempo e suas habilidades para um determinado fim; se em seu entendimento a melhor coisa a se fazer para atingir esse fim ou um outro que seja superior a ele é deixar de trabalhar, então é um direito do indivíduo cruzar os braços e sentar na própria bunda. Dizer o contrário é endossar uma prática talvez bem distante, mas ainda assim com algum grau de parentesco com a escravidão.
A lei que regula o direito de greve diz que certos serviços tidos como "essenciais" não podem sofrer paralisação completa, mas também não é certo que se obrigue uma pessoa que não queira a trabalhar. Fossem servidores públicos é outra história, que eles já deveriam entram na coisa sabendo que seriam proibidos de fazer greve. Estão vendendo a alma ao diabo mesmo, aí não tem dessa de escravidão. Mas para trabalhadores privados, principalmente no caso dos entregadores freelancers, é isso aí: se quiserem parar, que parem. E não é como se a categoria toda tivesse decidido parar também, é bom frisar isso. Como em qualquer greve, teve bastante gente que não aderiu ao movimento; se não puderam entregar seus fretes por conta de piquetes e ameaças, isso deve ser resolvido caso a caso. Mas mesmo assim, polícia, ambulâncias e ônibus continuaram abastecidos durante toda a crise.
A culpa dessa greve claramente são as restrições da prefeitura!
Mas vejam bem... é isso aí mesmo. A culpa é da prefeitura. Ou melhor, do governo. A restrição à circulação de caminhões não seria um tópico tão quente se houvessem alternativas viáveis para que caminhões fizessem seus trajetos, mas essas opções não existem. Não existem porque nem prefeitura, nem governo do estado, nem governo federal têm feito o suficiente para suprir as necessidades infraestruturais da cidade (e do país). Aí inventam essas regras esdrúxulas e o trabalhador honesto não pode se revoltar? Ora essa!
- imposto de renda: como a coisa funciona em outros países - Bolívia: Evo Morales financia cocaleiros e promove genocídio de índios no processo - Europa: propaganda xenofóbica por uma Europa unida - Grécia: calote de 53,5% da dívida é comemorado no mundo todo - Uganda: Kony 2012: dedões pra cima ou pra baixo? https://youtu.be/KLVY5jBnD-E]Uganda
cotidiano
- vício: sorvete é tão ruim quanto cocaína? - viagem: cuidado com a "síndrome do regresso" - discriminação: ao menos 76 países criminalizam a homossexualidade - comércio: chineses querem importar jegues brasileiros - escândalo: coca-cola e pepsi causam câncer?! - destaque: faxineira que venceu na vida
Spoiler:
Um oponente de peso por Herr Mizukage
Não faz muito tempo, uma atração foi cancelada no Epcot, o parque ideológico de Walt Disney. Esta atração tinha estréia "pra valer" marcada para dia 5 passado, e era uma parte da atração Innoventions. Tratava-se dos Habit Heroes, que eram personagens que representavam bons hábitos e que certamente lutavam contra os maus hábitos, como vício em TV, má alimentação... Eis o problema: inventaram de enfrentar a obesidade infantil.
Para a organização de direitos dos gordos NAAFA, isso foi muito inconveniente, e devido à pressão os compadres de Mickey e Pateta tiveram que cancelar a atração por tempo indeterminado. A existência da NAAFA já data de mais de quarenta anos, com os esforços dedicados à proteção dos gordos e eliminação dos maus tratos e discriminação. Você já ouviu esse papo em algum lugar, basta trocar por índios, negros, gays, mulheres etc.
O que não está claro é o motivo da indignação. Segundo a NAAFA, é devido aos personagens e hábitos muito caricaturados dos gordinhos, como por exemplo, ser gordo e comer. Isso fere a dignidade daqueles que só querem se livrar do peso que é tentar se encaixar na sociedade. Talvez eles achem que poderiam usar um magrelo, só pra fugir do politicamente incorreto. Motivos à parte, se alguém se beneficiou com isso, com certeza não foram as crianças.
Para quem de alguma forma se sentiu lesado pelo adiamento dos Habit Heroes, aqui vai uma lista com alguns nomes: http://www.thepetitionsite.com/1/stop-Disneys-war-on-fat-kids/#13314329408922&action=fb_connect&fb_id=0
ciencia/tecnologia
- espionagem: beija-flor espião, a mais nova arma contra o terror - saúde: câncer de pâncres encontra seu primeiro inimigo de peso - games: jogos indie estão entrando no mundo mainstream? - espaço: tempestade solar mais forte dos últimos 5 anos atinge a Terra
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Mas o que é o ECAD? por popocake
Texto curto aqui. Muita gente soube essa semana da existência do ECAD, um escritório privado autorizado por lei para cobrar e redistribuir royalties sobre a reprodução de músicas. No caso, a entidade estaria cobrando de blogueiros pela postagem de vídeos musicais do youtube em seus sítios, embora o próprio youtube já pague por essa reprodução.
No caso, após manifestações virulentas de jornais, blogs e de indivíduos particulares sobre a cobrança, o próprio Google chegou a se manifestar, condenando a nova política do ECAD. Com a coisa fora de controle, o escritório deu pra trás e disse que a coisa toda foi um mal entendido, um erro operacional, e que não se repetiria novamente.
No ano passado, o ECAD também esteve no centro de uma pequena polêmica sobre seu método de cobranças e redistribuição: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/197030-COMISSAO-DISCUTE-DENUNCIAS-DE-IRREGULARIDADES-NO-ECAD.html http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/914243-ecad-pode-ser-investigado-em-cpi-no-senado.shtml
Para quem quiser saber um pouco mais sobre a entidade, sugiro a reportagem:
rage
- Ricardo Setti: suposto projeto protetor da mulher trabalhadora é demagógico e burro - Reinaldo Azevedo: num momento em que o cristianismo é a religião mais perseguida do mundo, TJ do RS decide cassar e caçar os crucifixos
popocake Tenente-Coronel
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Assunto: Re: Hacredão #14 11.03.2012 Seg Mar 12, 2012 9:45 pm
Para mim, é sinal de atraso, mas acho que sou minoria. Estamos atravessando um interessante processo sociopolítico, em que o comportamento pessoal e particular é cada vez mais controlado, com a nobre finalidade de nos proteger, geralmente de nós mesmos. Já imaginei várias possíveis consequências disso, inclusive a criação das figuras da ortocópula e da cacocópula. Não, o Estado não instalará câmeras de tevê nas alcovas, para monitorar a intimidade dos casais. Só creio que isso pudesse acontecer, ainda que muito remotamente, em São Paulo, onde hoje é bem mais fácil ser assaltante do que fumante. Se o assaltante estiver fumando, duvido que assalte qualquer coisa em Congonhas, por exemplo, porque, assim que passar por baixo da marquise, um ou dois policiais o pegarão. Já assalto simples, sem cigarro, é outra coisa.
popocake Tenente-Coronel
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Assunto: Re: Hacredão #14 11.03.2012 Seg Mar 12, 2012 9:46 pm
José Alberto Gouveia, líder sindical do setor, considera os donos dos postos envolvidos uns "empresários safados que devem ser presos". Em entrevista a diversas rádios, Paulo Arthur Góes, diretor executivo do Procon-SP, explicou que o que o Procon proíbe nesses casos é a "elevação de preços sem justa causa". Quem ouviu rádio, viu TV ou leu jornal acompanhou por dias a indignação pública contra esses malfeitores que, se aproveitando da escassez momentânea, ousaram aumentar seus preços. Esqueceram-se de um pequeno detalhe: se há, neste universo, uma causa justa para a elevação abrupta de preços, é a escassez abrupta do bem em questão.
popocake Tenente-Coronel
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Assunto: Re: Hacredão #14 11.03.2012 Qua Mar 14, 2012 9:48 pm
Assumir uma posição crítica ao feminismo é hoje o equivalente a ser uma mulher que fala contra mulheres. Ilude-se quem pensa que na academia há um ambiente propício à liberdade de pensamento.
Como mulher e intelectual, posso afirmar sem pestanejar: nunca precisei "lutar" contra meus colegas para ser ouvida, muito pelo contrário. A batalha mesmo é contra as colegas mulheres, intolerantes a qualquer outra mulher que pense diferente ou que não faça da "questão de gênero" uma bandeira.