Este aqui é um tópico da MRM, que devido a problemas técnicos não vou reproduzir aqui na Hacs, mas quem quiser, é só ir ler por lá mesmo: http://www.mundorpgmaker.com/forum/index.php?topic=70267.0
Fiz uma resposta bacana e gostaria de postar aqui também.
É como se segue:
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Olha... a iniciativa é até que positiva, mas sou obrigado a dizer que a execução deixou a desejar. Em conteúdo não foi muito além do famoso vídeo do Felipe Neto, sobre o movimento "preço justo já". Nada contra as recomendações para que as pessoas passem a se informar mais, para que elas comecem a ir atrás de filosofia e talz... é só que a crítica feita é tão vazia, cai em tantos lugares-comuns, é tão morna, que a impressão é a de que você mesmo, Rafael, precisa aproveitar melhor o próprio conselho.
Não estou dizendo que você é ignorante ou pedante, longe de mim, só que a crítica feita está muito rasa, tanto na interpretação de mundo quanto na busca de soluções.
(e cá entre nós, o Gandhi é indiano, não índio)
O texto produzido é longo e ataca várias frentes simultaneamente, por isso vou me focar em alguns pontos específicos apenas, que embora amplos em si mesmos, estão longe de abordar tudo isso que você escreveu.
1 - O papel do governoFica bem claro que para você o governo é uma mola propulsora do desenvolvimento, mas que tem sido mal utilizada pelos nossos governantes. Seria uma simples questão de colocarmos um santo ungido no trono de Brasília para que o Brasil decolasse à estratosfera do primeiro mundo.
Essa é uma visão, digamos, clássica do problema. É um senso comum até. Pergunte a qualquer vereador, qualquer engenheiro, qualquer pedreiro ou pipoqueiro e a cosmovisão não será muito diferente dessa que você deu. É uma percepção paternalista das funções estatais, que subordina o cidadão à vontade do Estado: se o governo é bom, então o país se desenvolve; se o governo é ruim, então o país fica estagnado. Num cenário como esse a resposta ao problema é praticamente automática, bastando que depositemos o nosso voto em políticos competentes para que a nação alce voos.
A limitação da análise, claro, é ver o mundo através de um único prisma.
Veja que o paternalismo político é característico de filosofias aristocrática e esquerdistas, precisamente o que temos no Brasil desde a época do Império, então não é surpresa vê-la aqui como única via possível. Mas não é. Existe ainda a via republicana-liberal-individualista.
O modelo é diametralmente oposto ao do paternalismo brasileiro: o governo deve se restringir a suas funções clássicas (proteção do cidadão contra o cidadão; proteção do cidadão contra o estrangeiro; atuação nos campos onde a iniciativa privada não pode atuar), papel este tão limitado que simplesmente não justifica altos impostos. O dinheiro que o indivíduo produz é dele para usar como quiser, e é a troca livre entre um e outro que gera a riqueza e o desenvolvimento da nação, não a intervenção estatal.
A quem interessar possa, existem toneladas de textos e vídeos na internet, sendo bacana que se informem a respeito em sites como http://www.ordemlivre.org , http://www.imil.org.br/ , http://www.mises.org.br/ , http://www.libertarianismo.org e http://www.endireitabrasil.com.br/ . A defesa dessa segunda corrente de pensamento passa por várias esferas do conhecimento, sendo especialmente forte nos campos da filosofia, do direito e da economia.
A discussão nesse ponto já passou da tolerância da maioria das pessoas e se concentra em termos de moral, de direitos subjetivos, de direitos em contraposição a deveres, de liberdade em contraposição a igualdade. O assunto pode se tornar bem rarefeito. Mas acho interessante a quem se interessa por um país melhor que pelo menos busque se informar sobre a visão liberal (ou libertária, segundo alguns), que é completamente oposta ao que temos experimentado nos últimos 500 anos - se você quer mais do mesmo e tem a cabeça fechada a outros paradigmas, aí nem se importe.
2 - O políticoCreio que aqui estamos diante de uma questão fundamental, nuclear em qualquer análise sobre "problemas do Brasil", mas que foi vista num voo rasante muito pobre e inadequado.
O político no Brasil não é ruim somente por conta de um povo mal instruído para o voto ou uma cultura de anemia revolucionária. Na verdade, o exemplo dado das revoltas populares francesas é completamente descabido, pois demonstrava cabalmente que em termos políticos lá, como cá, o povo quando se massifica se torna só uma ameba ignorante e irracional, avessa à crítica ponderada e ao diálogo.
Nesse ângulo o problema reside na representatividade do político e na sua utilidade, temas abordáveis em vários tópicos separados:
A - voto obrigatório. Isso aí é uma besteira sem tamanho, que só se presta a perpetuar clãs parasitas em cargos públicos eletivos, os tais currais eleitorais. A premissa é simples e óbvia, mas quem são os que se dão conta? - quem é obrigado a votar não é livre para exercer seu direito ao voto.
Teme-se que com a facultatividade não haja quórum mínimo que legitime os eleitos a exercerem seus mandatos, mas ora! se realmente ocorrer uma crise institucional dessas, tanto melhor. Desde quando é mais democrático forçar a eleição de alguém a colocar à mostra a falta de interesse do eleitorado?
B - representatividade parlamentar. O voto que damos ao deputado federal quase nunca ajuda a eleger o deputado em quem votamos. Não lembro de cor, mas algo como 20% apenas dos deputados hoje ocupando cadeiras na Câmara foram eleitos com os próprios votos. Que autoridade têm esses outros 80% para votar leis em nosso nome?
Ocorre que os deputados federais são eleitos com base num troço chamado quociente eleitoral, que cuida de dar a vitória das urnas não aos candidatos mais votados, mas àqueles que pertencem a legendas ou coligações que, no todo, foram mais votadas.
Além disso, há uma questão de subrepresentatividade, já que o número de deputados que cada estado pode eleger é balizado por um mínimo de 8 e um máximo de 70 - como as cadeiras de deputados é fixa, estados com densidades populacionais muito baixas acabam tendo uma relação deputado/eleitor muito maior que estados como São Paulo e Minas.
- Spoiler:
C - representatividade municipal e estadual. O problema aqui é que a Constituição Federal, quando repartiu as competências dos entes federativos, concentrou tudo nas mãos da União, esvaziando com isso a atuação dos legislativos estaduais e municipais. Deputados estaduais e vereadores não fazem praticamente nada o dia todo e ganham muito bem para isso.
E é claro que a grande maioria de municípios poderia ser gerenciada privativamente, por juntas de cidadãos, como em uma empresa, o que seria muito mais benéfico à população.
D - outros problemas. Aqui se encaixam coisas como o expediente muito da mamata de que gozam os membros do legislativo; a confusão de Poderes, em que um entra na esfera de atuação do outro por motivo algum; o esquema de política de coligação, praticamente obrigatório no Brasil e que só prejudica o povo brasileiro; a obrigatoriedade do político de se filiar a partido político, que tira a liberdade do cidadão de bem que quer fazer a diferença por conta própria; os períodos de gratuidade em rádio e televisão; dentre outros.
Tudo isso são problemas sistêmicos, inerentes ao processo político no Brasil. A corrupção, embora mais evidente que tudo isso junto, é só um microtópico aí no meio.
3 - O estudoRelativamente mais curta, essa parte ataca agora a conclusão do texto.
O estudo daquele que quer ter amplos horizontes para analisar o mundo à sua volta não pode ser algo genérico como "leia! estude! assista os jornais!", sinto muito. O estudo deve ser focado. A respeito, deixo dois arquivos, um sobre método de estudos e outro como orientação a quem procura se intelectualizar:
http://www.4shared.com/file/xK5J9s5M/Academics.html
É claro que eu ainda não li tudo que está indicado, mas estou lendo.
A quem interessar possa, vou deixar aqui uns links interessantes e informativos:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/listarNoticiaUltima.asp
http://www.midiasemmascara.org/
http://notalatina.blogspot.com
https://www.youtube.com/user/trueoutspeak
https://www.youtube.com/user/pgjr23
https://www.youtube.com/user/AveThomaz
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
http://www.diariodocomercio.com.br/
http://quebrandoneoateismo.com.br/
http://austriaco.blogspot.com