O Senado aprovou essa semana uma dessas MPs frankensteins, como chamamos no meio - são projetos de lei que a presidente manda pro Congresso e que no caminho recebe um monte de emendas que não têm nada a ver com o texto original, daí o nome. Bem. A MP 540/2011 versa na sua redação definitiva sobre redução de IPI para carros, uso de dinheiro do FGTS para obras da Copa e, o objeto desse artigo, uma nova política antifumo.
Sabemos que fumar faz mal. Todo mundo sabe que muitos riscos à saúde são agravados pelo hábito de fumar. Mas até aí trata-se de uma escolha do indivíduo de aumentar as chances de perder uns aninhos de vida, e ninguém tem nada com isso. Ocorre que hoje em dia as pessoas não pensam desse jeito - elas acham que, por saberem o que é melhor para si mesmos, elas devem transportar essa iluminação toda para os outros, obrigando-os a seguir o mesmo estilo de vida que elas mesmas seguem, ainda que contra a vontade de quem prefere viver de outro jeito. Assim, fumar, que inicialmente era uma escolha de cada um, acabou se tornando um assunto de saúde pública.
Seguindo essa mentalidade, São Paulo adotou medidas extremamente autoritárias para inibir o fumo em ambientes fechados: se alguém fuma dentro de um prédio, o dono do prédio é multado. Pois é, não faz sentido algum. Pune-se quem não tem nada a ver com a história, mas essa foi a maneira que encontraram para dar efetividade à lei. A justificativa à época foi de que o fumo passivo pelos não-fumantes em ambientes fechados era tão prejudicial quanto era o cigarro para quem fumava de fato (o que é uma completa mentira).
É claro que os antitabagistas usavam outros argumentos, como dizer que os problemas de saúde relacionados ao cigarro geram um custo excessivamente alto para o sistema de saúde público, o que também não deixa de ser uma mentira deslavada. O governo tirou da indústria do tabaco mais de 26 bilhões de reais só esse ano, um terço de todo orçamento da saúde.
O caso é que agora essa gente está desavergonhada! Já nem usam mais desses argumentos oblíquos para atingir o cigarro, falam logo que o objetivo é acabar com o cigarro no Brasil. Dráusio Varella, por exemplo, já deixou claro o que ele pensa do assunto: "O cigarro é o mais abjeto dos crimes já cometidos pelo capitalismo internacional. Você acha que exagero, leitor? Compare-o com outros grandes delitos capitalistas; a escravidão, por exemplo: quantos viveram como escravos? E quantas crianças, mulheres e homens foram escravizados pela dependência de nicotina desde que essa praga se espalhou pelo mundo, a partir do início do século 20?". Quando um dos porta-vozes do movimento pensa desse jeito, todo alquebrado, dá pra ver que essa galera é mutcho loks né?
Vejam que eu mesmo não fumo. Nunca fumei. Mas defendo como posso a liberdade de quem fuma, porque fumar ou não fumar é uma decisão que só cabe ao indivíduo fazer. E como toda liberdade individual, ela é digna de se defender. Termino aqui com um vídeo curtinho:
Internacional:
Spoiler:
Tá rolando um agito no Egito por Eurritimia
Desde o início do ano, a situação política no Egito não tem sido fácil. Um movimento popular faz com que, em fevereiro, Hosni Mubarak, que vinha governando o país há quarenta anos, renuncie ao cargo de presidente. Para assegurar a segurança da nação, militares passaram a governar o país até que eleições fossem feitas. A princípio, tais eleições eram esperadas pra setembro, mas aparentemente nada foi feito, o que deixou a população bastante descontente.
Nesta sexta, 25, como é sabido, ocorre a tradicional Black Friday. Evento comercial que sucede o thanksgiving. Nele, diversas lojas colocam suas produtos em preços normais(que a galera acha que tá barato, quando na verdade no resto todo do ano é que estava acima do preço), e os muambeiros fazem fila, entrando no espirito da sexta preta, pra irem comprar as mais diversas mercadorias.(e causar um grande tumulto, claro.)
A Black Friday desse ano foi marcada também por um grande movimento do e-commerce, com um aumento de quase 24% em relação ao ano passado. No setor de eletrônicos, os mais movimentados foram os setores de aparelhos móveis e de computadores pessoais. Entretanto, os campeões deste ano foram as lojas de departamento e produtos domésticos, com crescimentos de 59% e 48%, respectivamente.
Num evento desses, claro, o que não podia faltar era confusão. Além do tumulto esperado, uma espertinha ainda resolveu fazer uso de um spray de pimenta para facilitar sua compra de um Xbox, atrapalhando o resto dos compradores. Que atitude, hein. Ainda chamou a atenção, um outro caso em que a polícia repreendeu fortemente um dos compradores. É muita treta, muleque!
A estimativa é que mais de 150 milhões de compradores tenham feito compras motivados pelo evento, segundo a pesquisa da National Retail Federation.
Os eletrônicos sem dúvida tiveram gigantescas quedas de preço. Entre os consoles, era possível encontrar 3ds lite por cerca de 70 doletas, e Xboxes variando de 200 a 300 dólares, inclusive com vários pacotes com vários jogos. Bem bom, hein.
Mas ei, calma, no Brasil também teve Black Friday! Sim, muitas lojas virtuais aderiram também ao evento. Mas, nem se pode comprar a nossa estimativa de movimentar cerca de 150 milhões de reis...com a estimativa na casa dos bilhões na terra da liberdade. Mas já um começo, não?
fontes = G1 , National Retail Federation , Kotaku US
Ciência / Tecnologia:
Spoiler:
Vai dormir, menino! por Headbanger
A Coréia do Sul está com uma nova lei: proibido para os menores jogar video-game das 00h00 até as 06h00. A idéia é combater o vício em tecnologia (que atinge pouco mais de 8% da população do país, DE 9 A 39 ANOS DE IDADE. Míseros 8%). Mas só vão bloquear a conexão com os servidores da Sony e Microsoft durante esse período, já que é impossível controlar o tempo de jogo dos consoles portáteis e outros.
Um advogado entrou contra a lei argumentando que a lei tira dos pais o controle da educação das crianças: a família é quem tem que controlar os horários permitidos para os filhos jogarem. Acho que ele não poderia estar mais certo. Outro argumento seria: "Você pode dizer que alguém é alcoólatra se essa pessoa bebe mais de três garrafas por dia, mas você não pode chamá-lo de alcoólatra porque ele bebe depois da meia-noite. É o mesmo com jogos”. Bom, se ele beber pouco, não... Mas se ele beber o dia inteiro... Digamos que é um argumento mais ou menos. Aí ele diz que a lei é uma discriminação contra os jogos virtuais, pois os outros tipos de entretenimento (televisão, cinema, etc.) não estariam sendo regulados também. Este argumento eu não acho que justifica estar contra a lei.
De qualquer forma, o advogado me venceu com o primeiro argumento. É dever da família fazer o que acha melhor para suas futuras gerações. E além do mais, a parcela da população viciada em internet é baixíssima; não é, ao meu ver, tão alarmante assim. E vocês, o que acham?
Rage:
Spoiler:
Treme, burguesia por Lani Romée
"Ah, mas que vergonha! A nossa greve é por causa da maconha!"
Quarta-feira à noite eu passei de carro no começo da Paulista. Notei umas tendinhas e barracas instaladas ali, uns ripongos tocando violão. Não estranhei muito também, que esse tipo de coisa acontece pra caramba na avenida, sempre tem essa gente das artes metida a não-conformista aprontando uma "manifestação histórica"... Pelo menos uma vez por semana. Na quinta-feira, a resposta para aquela charada me atingiu de surpresa: pouco antes de entrarmos para fazer uma audiência, o colega advogado vira e diz: "Hoje vai ter aquela passeata da usp na paulista, tá sabendo? Meu primo tá vindo de Salvador pra apoiar, que ele é engajado em política acadêmica, já foi presidente do CA da federal."
Então espera.
Os comunistas-bandidinhos da USP que atropelaram as diretrizes que regem o modelo democrático (que seus antepassados históricos apanharam pra defender), inconformados que a vontade da maioria foi feita e fielmente aplicada com o uso da força policial (segundo a lei), decidiram que iam perturbar não só os seus amiguinhos e administração da cidade universitária mas também o resto de São Paulo. Não fosse isso o bastante, invocaram o apoio de maus feitores de outros cantos do país que claramente não tem nada melhor pra fazer. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, em crítica aos acontecimentos na cidade universitária, comentou: "Os alunos retirados da USP precisam de uma aula de democracia." Revoltados com essa dose de verdade, o jardim de infância encheu a boca pra berrar, em uníssino, enquanto fechavam o fluxo de trânsito da principal avenida paulistana e incomodavam injustamente a tranquilidade dos hospitais, escritórios e residentes da região: "Rodas, a culpa é sua, hoje a aula é na rua". Muito bonito, meninada.
Se a baixa inteligência não fosse o suficiente, ela é complementada pela imaturidade e falta de caráter. Não adianta só inventar argumentos bonitos para disfarçar os objetivos pró-canábicos da super revolução da semana, tem que aparecer pra caralho também, tem que rodar o Caio-Lugia esfregando na cara de todo mundo o quão daora é o que eles tão fazendo, como eles são mega engajados, a nova iteração dos carapintadas, incompreendidos guerrilheiros da liberdade contra um país altamente repressor... que é comandado pelo partido deles, o PT. Faz sentido?
Uma pobre velhinha, impossibilitada de voltar pra casa por causa daquela manada de campeões da justiça, discutiu com um dos manifestantes. Recebeu como resposta: "TREME, BURGUESIA!"
Última edição por popocake em Seg Dez 05, 2011 12:06 pm, editado 1 vez(es)
Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Dom Nov 27, 2011 1:41 pm
"treme, burguesia" - disse o riquinho maconheiro
se meu filho inventar de participar duma manifestação dessas, eu vou dar muita porrada... sério, o que os pais desses moleques pensam deles? e o que eles fazem?
Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Dom Nov 27, 2011 2:55 pm
Parodiando o ilustre Drauzio Varella, homem de bem:
"A intromissão é o mais abjeto dos crimes já cometidos pelo esquerdismo internacional. Você acha que exagero, leitor? Compare-o com outros grandes delitos comunistas; a escravidão, por exemplo: quantos viveram como escravos? E quantas crianças, mulheres e homens foram escravizados pela paternidade do Estado desde que essa praga se espalhou pelo mundo, a partir do início do século 20?"
Assim não dá, dotô.
E pelo visto o carnaval chegou mais cedo aí em São Paulo. "Ah, sou sem vergonha! Só tem pamonha nessa greve da maconha!" Gruda que nem chiclete. As aulas ministradas na USP devem ser de nível tão fodasticamente alto que só dando um "tapa na pantera" pra ter a compreensão astral adequada, deve ser esse o problema desse caras, só pode. Chuto uns 40 desocupados só no primeiro frame. Mó vadiagem sem limites, meu.
Ah sim, sugiro uma nova categoria no Hacredão: resultados da loteria. E que o Eurri seja o responsável, por favor. Acho que é isso.
Burgueses, TREMEI!
Dattz Major
Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Dom Nov 27, 2011 3:30 pm
As crianças na Coréia do Sul ainda podem jogar video game offline depois da meia noite, elas só não podem entrar na rede. Na Xbox live é possível que nem adultos possam jogar, porque a Microsoft não pede idade no cadastro, e como não pode peneirar, pode ser que feche a rede pra todo mundo.
Notícia do meio do mês aí: http://kotaku.com/5859594/psn-shutting-down-at-night-for-young-korean-players
Já tinha uma lei antes que chutava galera de MMO no PC:
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Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Dom Nov 27, 2011 5:28 pm
Bem ridícula essa lei. Além de ser ineficaz, claro, porque o cara que é viciado, de fato, em internet e mmos vai arrumar outros jeitos. E bem, a propria definição de viciado pra definir só um grupo que efetivamente usa internet nesse horario é bem falho.
Quanto a esses bostas da USP ai....só consigo facepalmear.
popocake Tenente-Coronel
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Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Ter Nov 29, 2011 8:06 am
[José Serra - O cigarro ou a liberdade]
Spoiler:
http://www.joseserra.com.br/archives/1876
O Congresso acaba de aprovar uma lei de combate ao tabagismo que, entre outras coisas, proíbe o fumo em locais fechados. A decisão não protege só os frequentadores eventuais de um restaurante, casa noturna ou bar, mas também os trabalhadores do setor, como garçons, atendentes e DJs. Até os fumantes saem ganhando, já que acabam fumando menos.
O projeto aprovado contém, no entanto, um sério retrocesso: permite a volta da publicidade de indústrias de cigarro em eventos culturais, sociais e esportivos, que havia sido proibida no fim dos anos 1990, durante o governo do presidente Fernando Henrique. Espera-se que a presidente Dilma vete esse dispositivo. Convém lembrar que, no início do governo Lula, houve Medida Provisória que suspendeu temporariamente essa proibição por causa da Fórmula-1.
Todos sabem que, como ministro da Saúde como governador de São Paulo, estou na origem das medidas que restringem seriamente o consumo de tabaco. Preconceito? Intolerância pessoal? Tentação de invadir direitos individuais? Não! Agi movido pela ética da responsabilidade. O que fiz em relação ao cigarro espelha o entendimento que tenho de políticas públicas; evidencia uma abordagem e uma estratégia.
Não venho da área de Saúde, como todos sabem. Quando decidi, no entanto, aceitar o convite do presidente Fernando Henrique para assumir o ministério da área, em 1998, tinha algumas convicções sobre esse setor, tão fundamental para a vida dos brasileiros. Considerava claro, por exemplo, que a demanda por atendimento de Saúde se expandiria numa velocidade superior à capacidade de milhões de pessoas de arcarem com o custo do serviço. Parecia-me evidente, também, que o modelo de atendimento ainda estava voltado principalmente para minorar os efeitos de doenças manifestas já em sua fase mais aguda. Sem prejuízo de melhorar esse serviço, entendi que era preciso ampliar e reforçar o que chamarei aqui de “Modelo 2”: ênfase na prevenção e nas doenças crônicas em suas etapas iniciais, o que, além de beneficiar os doentes, teria um impacto positivo, no médio e no longo prazos, nos custos do setor.
Pensava então, e penso ainda, que não faz sentido aguardar que o portador de diabetes ou de hipertensão, por exemplo, tenha seu quadro agravado para atendê-lo numa unidade de emergência. Dou um exemplo eloquente, emblemático, desse “Modelo2”: o programa de tratamento permanente dos portadores do vírus da Aids, que implantamos, além de salvar vidas (com qualidade), contribui para poupar recursos à medida que menos pessoas têm de ser atendidas pelo SUS em situações de emergência. O tratamento com os retrovirais impede que se chegue aessa situação. Ganha o doente, e ganha o sistema de Saúde.
Para fortalecer o “Modelo 2”, além do Programa de Saúde da Família, da expansão e barateamento dos medicamentos, dos mutirões de exames e de numerosos programas de prevenção de doenças, decidimos atacar de frente uma questão que permanecia, na prática, intocada: a do cigarro, um dos principais fatores de risco para as doenças crônicas e graves. Foi a primeira vez que se fez uma ofensiva desse tipo no Brasil, que, rapidamente, assumiu uma posição de vanguarda internacional na luta antitabagista. Ganhamos até prêmio da Organização Mundial da Saúde, recebido, diga-se, pelo então embaixador em Genebra do governo Fernando Henrique, Celso Amorim, depois ministro de Relações Exteriores de Lula e atual ministro da Defesa. Amorim se beneficiou pessoalmente de uma política pública, mas de modo virtuoso: largou o cachimbo…
Por que implicar com o cigarro? Além de conceder centenas de entrevistas a respeito, escrevi, na ocasião, alguns textos breves (Veja Cigarro a propaganda que faz mal, O cigarro e as pedras, Tabagismo: confissão mórbida publicados neste site). O cigarro é mortal. Eleva estupidamente o risco do desenvolvimento de câncer e de doenças pulmonares e cardíacas. Também responde, em grande medida, pela má qualidade de vida das pessoas de mais idade.
Acreditamos que era possível implantar políticas públicas para diminuir o consumo, pelo lado da demanda: proibir a propaganda, essencialmente enganosa e voltada para os jovens, associando o tabaco ao bem-estar, ao vigor físico, à virilidade e à boa aparência, tudo aquilo que o cigarro aniquila. Passou a ser obrigatório estampar nos maços fotos que retratam as doenças causadas pelo vício. Fizemos campanhas educativas no rádio e na TV. Trouxemos ao Brasil um americano que relatou, numa entrevista na TV, a dura morte de seu irmão, com câncer no pulmão. Esse irmão era ninguém menos do que o antes mundialmente famoso “cowboy do Marlboro”. Diga-se: antes de começar a ofensiva fizemos pesquisa e 86% das pessoas aprovaram a idéia.
O cigarro é um flagelo. Noventa por cento dos fumantes no Brasil adquiriram o vício entre os 5 e os 19 anos. A estratégia da indústria era e é a conquista desse público, não a manutenção do hábito adquirido pelos já fumantes. O motivo é simples: 70% dos que fumavam declaravam, há dez anos, que gostariam de largar o cigarro, mas não conseguiam. Esse percentual deve ser maior hoje. Há aspectos da dependência química em nicotina que chegam a ser piores do que a do álcool e de outras drogas.
No governo de São Paulo, decidimos enfrentar a questão do fumo involuntário. Instituímos a lei que proíbe o cigarro em lugares públicos fechados. A despeito das críticas infundadas — dizia-se, por exemplo, que essa medida causaria desemprego nos bares, restaurantes e casas noturnas — ou da torcida contrária da oposição, a lei pegou, pois a campanha foi bem organizada e a população apoiou e passou a cooperar na fiscalização. Tanto é assim que se espalhou por outros estados. Agora, o Congresso a torna nacional. Maravilha.
Quando ainda ministro, recebi em meu gabinete um homem educado, presidente de uma gigante do tabaco. Lembro-me da essência da nossa conversa:
— Obrigado por me receber, ministro. Eu queria expor-lhe o pensamento da nossa empresa. Achamos, se o senhor me permite dizer, exagerada a ofensiva do governo contra a indústria de cigarros.
— O senhor sabe que eu não tenho nada contra quem produz. Pelo contrário. O problema é seu produto. Nós não estamos proibindo ninguém de fumar. Mas, sim, mostrando às pessoas quais são os perigos desse hábito. Diga-me uma coisa: o senhor fuma?
— Fumo, sim. E estou bem, como pode ver. Tenho vida saudável. Jogo tênis.
— Cigarro parece que não faz mal até fazer mal. Tem filhos adolescentes?
— Tenho.
— Eles fumam?
— Não.
— E se lhe perguntarem se devem fumar, se lhe pedirem um conselho, o que diria?
— Não recomendaria.
— Mas recomenda o cigarro para os filhos dos outros?
De fato, Serra, foi você o criador do primeiro monstro. Não se orgulhe disso!
Notem como o texto subrepticiamente identifica no seu título exatamente o maior argumento usado contra essa cruzada antitabagista, que são as violações evidentes das liberdades individuais, mas que no texto não há sequer uma única menção à ideia de liberdade. Bem ao contrário: o carecão com cara de doente diz claramente que, ao restringir os direitos alheios, ele estaria fazendo um favor a eles.
Mas a malandragem fica ainda mais evidente na suposta conversa que ele teria tido com um lobista da indústria do tabaco. Ele sabe que adolecentes não podem fumar por lei, e o lobista sabe disso também... então quando o lobista diz que não recomendaria que seu filho adolecente fumasse é ponto pro Serra? Ah, por favor né! E depois ele encerra o diálogo sem nem relatar qual foi a resposta do cara. É um malandro.
popocake Tenente-Coronel
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Assunto: Re: Hacredão #2 27.11.2011 Qui Dez 01, 2011 5:21 am
A Associação Juízes para a Democracia (que eu desconhecia até há pouco) emitiu nota se solidarizando com os alunos revoltosos da USP. A seguir destaco alguns trechos:
Citação :
Cada vez mais frequente no país o abuso da judicialização de questões eminentemente políticas, o que está acarretando um indevido controle reacionário e repressivo dos movimentos sociais reivindicatórios.
Com efeito, quando movimentos sociais escolhem métodos de visibilização de sua luta reivindicatória, como a ocupação de espaços simbólicos de poder, visam estabelecer uma situação concreta que lhes permita participar do diálogo político, com o evidente objetivo de buscar o aprimoramento da ordem jurídica e não a sua negação, até porque, se assim fosse, não fariam reivindicações, mas, sim, revoluções.
Entretanto, segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucional ou econômico, com fundamento em uma pretensa defesa da legalidade, estão fazendo uso, indevidamente, de mecanismos judciais, desviando-os de sua função, simplesmente para fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrar o diálogo democrático.
É por isso que a AJD sente-se na obrigação de externar a sua indignação diante da opção reacionária de autoridades acadêmicas pela indevida judicialização de questões eminentemente políticas, que deveriam ser enfrentadas, sobretudo no âmbito universitário, sob a égide de princípios democráticos e sob o arnês da tolerância e da disposição para o diálogo.
Não é verdade que ninguém está acima da lei, como afirmam os legalistas e pseudodemocratas: estão, sim, acima da lei, todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais e que, por isso, rompendo com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais.
Inequívoco o comprometimento ideológico desses togados, que se acreditam na posição de apontar o que a lei pode e o que ela não pode atingir, desautorizando os próprios colegas que não partilham desse ponto de vista torto, que se dobra ante reivindicações estudantis completamente arrazoadas não em nome da justiça, mas da mentalidade revolucionária. Em outras palavras, são uns merdas.